1921,
8 de julho,
nasce, em Paris, Edgar Nahoum, que ficará conhecido como Edgar Morin.
Morin é filho único do casal de judeus sefaraditas Vidal Nahoum e Luna Beressi. Luna sofria de uma grave doença cardíaca, provocada pela gripe espanhola. Aconselhada a não ter filhos, conseguiu interromper a primeira gravidez. Porém, na segunda, a tentativa de aborto falhou. Mãe e bebê quase morrem no parto. Mas sobrevivem ambos. A partir de então, cria-se entre os dois um vínculo extremamente forte.
1931,
26 de junho,
poucos dias antes de Morin completar 10 anos, sua mãe morre de coração, causando-lhe “uma Hiroshima interior”.
O pai e demais familiares dizem ao menino que a mãe foi viajar e não que morreu. A descoberta da mentira, o ressentimento por não ter ido ao enterro, se despedido da mãe e vivido o luto, marcam profundamente a vida de Morin.
Ele se fecha sobre si mesmo e se refugia no imaginário propiciado pela literatura e pelo cinema. Jack London, Charles Dickens, Zola, Balzac são alguns dos autores que Morin descobre e devora. Já mais adolescente, lê Anatole France, Romain Rolland, Roger Martin du Gard, Tolstoi, Dostoievski, Malraux, Proust, Céline, além de iniciar a leitura de filósofos como Montaigne, Rousseau, Voltaire, Diderot.
A literatura teve e continua a ter um papel fundamental em minha formação, mas também existiu o cinema. Da mesma forma que devorava livros, me transformei muito jovem em um "filmófago", em um "cinemáfago", eu devorava filmes...[...] A literatura, assim como o cinema, quando bem concebidos, representam uma aprendizagem da compreensão humana, não somente da complexidade humana, porque sabemos o quanto são complexas as relações humanas quando lemos Dostoievsky ou Marcel Proust. É um verdadeiro ensinamento, que vem do cinema, como já disse, com o vagabundo (de Charles Chaplin), com Raskólnikov, de Crime e Castigo... Entendemos o próximo muito melhor do que na vida real, e é esta compreensão que é preciso inserir na realidade (
Ateliê Dos Demônios).
1936,
Guerra Civil Espanhola: com 15 anos, atua politicamente numa organização antifascista de solidariedade aos anarquistas e republicanos espanhóis.
1938,
Une-se a um pequeno partido de esquerda pacifista e antifascista. Tem seus primeiros contatos com o marxismo.
Pareceu-me que o marxismo representava a intenção de explicar o conjunto dos problemas humanos, a sociedade humana, o mundo, e que era o caminho a ser seguido (
Ateliê Dos Demônios).
1939,
Seu pai é convocado e parte para a guerra. Morin vai morar com sua tia Henriette, irmã do pai, com a qual não simpatiza.
1940,
14 de junho,
Paris é invadida pelas tropas nazistas. Com 19 anos, Morin foge para Toulouse, cidade ainda não dominada pelos alemães.
Em livros e entrevistas, Morin expressa seu sentimento contraditório dessa época: a angústia pela guerra e pela invasão nazista e, ao mesmo tempo, a alegria pela liberdade em relação ao controle paterno. Milita ajudando refugiados e exilados e lê muito, frequentando a biblioteca da cidade. Interessa-se cada vez mais pela União Soviética e pelo marxismo.
1941,
No fim do ano se filia ao Partido Comunista Francês.
Essa filiação lhe trará sentimentos contraditórios. Pacifista, Morin era contra o nazismo e o stalinismo. Com o fracasso da democracia na Espanha, na França e na Alemanha, sua esperança era de que do comunismo pudesse nascer uma nova civilização.
Tudo o que eu tinha visto, me mostrava que os processos de Moscou eram uma farsa; li obras extremamente críticas sobre a URSS e, aparentemente, estava imunizado contra o comunismo stalinista e, mesmo assim, me torno comunista dois anos mais tarde (
Ateliê Dos Demônios).
1942,
Toulouse é ocupada pelas tropas nazistas. Morin foge para Lyon, importante centro da Resistência.
1943,
Adota, como pseudônimo, o sobrenome Morin. Volta a Toulouse para despistar a Gestapo, que chega cada vez mais perto.
1944,
Agosto,
libertação de Paris para a qual participa ativamente
Morin sempre se refere à libertação de Paris como um dos momentos de êxtase histórico que viveu. Outros foram Maio de 68, a Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974, e a Queda do Muro de Berlim, em 1989.
1945,
Final da guerra. Casa-se com Violette Chapellaubeau, socióloga e companheira da Resistência. Nomeado tenente-coronel do exército francês de ocupação, o casal parte para a Alemanha.
Na Alemanha, exerce o cargo de chefe do escritório de propaganda do governo militar francês. Observando a destruição do país e o estado em que se encontra seu povo, começa a escrever seu primeiro livro,
L’An zéro de l’Allemagne (
L’An zéro de l’Allemagne. Paris, França: La Cité universelle, 1946.). Em sua reflexão, Morin se pergunta como é possível um povo que cria tantas coisas maravilhosas na música, na literatura, na filosofia, gerar, ao mesmo tempo, o nazismo. No entanto, rejeita a ideia de uma culpa coletiva do povo alemão pelos horrores do nazismo. Assim, considera seu livro antinazista mas não anti-alemão.
1946,
Dá baixa do exército e retorna com Violette a Paris. São convidados a morar no apartamento da escritora Marguerite Duras.
Retornei a Paris sem nenhum trabalho, mas Violette e eu economizamos nosso soldo de oficiais e passamos um ano a gastá-lo. Ficamos alojados na casa da amiga Marguerite Duras, escritora pouco conhecida na época, junto com outros amigos, como Mascolo, seu companheiro, e seu ex-marido Robert Antelme. Formamos um grupo fraternal em Saint Germain des Près e conversávamos muito, adorávamos discutir, na casa da Rue Saint Benoît onde morávamos, no Café De Flore e à noite íamos ao Tabou. [...] Estes momentos foram felizes para mim em companhia de amizades e da comunidade. Vivíamos em comunhão, sem preocupação com dinheiro, comíamos juntos, fazíamos tudo juntos e estes momentos tão belos, evidentemente, não poderiam durar (
Ateliê Dos Demônios).
1947,
Mudam-se para Vanves, município limítrofe de Paris, pois Violette e Marguerite ficam ambas grávidas. Nasce Irène, primeira filha do casal.
1948,
Nasce a segunda filha, Véronique.
1949,
Desempregado, Morin começa a escrever um livro sobre a morte.
Nessa época, Violette dá aulas de filosofia e Morin escreve para uma publicação ligada ao partido comunista francês, mas ao defender posições não tão alinhadas ao partido, acaba perdendo o emprego. Passa os dias na Biblioteca Nacional pesquisando para escrever o livro sobre a morte. Lendo obras de áreas diversas, começa a formar a base de sua cultura transdisciplinar. É também a partir dessa pesquisa que começa a refletir sobre a complexidade, se perguntando como é possível o ser humano ter tanto medo da morte e, ao mesmo tempo, arriscar a vida por causas e para salvar pessoas.
Comecei, então, minhas investigações, conforme meu método, tomando notas sem cessar, reunindo-as, cruzando-as, e sem me aperceber, havia criado um método, que me mostrava ser necessário reunir elementos das mais diversas disciplinas separadas e não ficar restrito a uma única, para poder tratar do problema da morte, usando também as reflexões dos filósofos sobre o tema (
Ateliê Dos Demônios).
1950,
É contratado como pesquisador estagiário no CNRS – Centre National de la Recherche Scientifique (Centro Nacional da Pesquisa Científica), onde fez carreira.
Em seu primeiro ano no CNRS conclui o livro
L´homme et la mort (L’Homme et la Mort. Paris, France: Corrêa, 1951. Paris, France: Seuil, 1970, 1976, 2002). Lançado em 1951, o livro recebeu elogios de alguns intelectuais importantes como Georges Bataille e Lucien Febvre, mas foi ignorado pelo meio acadêmico e cultural. Segundo Morin, em sua primeira edição, o livro vendeu pouquíssimo porque a morte é, e era muito mais, à época, um tema tabu.
O cinema era interessante porque, a partir da projeção na tela, vemos seres que vivem e nós vivemos através deles, assim como eles vivem através de nós. [...] temos uma dupla consciência, uma consciência vigilante que sabe que não estamos presentes fisicamente na tela e uma outra consciência que nos faz viver a vida dos personagens do filme, ao contrário de uma ideia simplista que diz que os espectadores de cinema estão alienados e não percebem a diferença entre real e imaginário. Ao contrário, percebem perfeitamente, pois sabem que estão no cinema (
Ateliê Dos Demônios).
As estrelas constituem um fenômeno econômico pelo alto custo que representam e pela utilidade quanto à rentabilidade dos filmes e quis estudá-las em todas as dimensões, sejam econômicas, sociais, religiosas e outras.
Foi sempre a mesma ideia, o mesmo método que usava desde "O Homem e a Morte", ou seja, considerar os diferentes aspectos e não somente um único, compartimentado (
Ateliê Dos Demônios).
1951,
É expulso do Partido Comunista por causa de um artigo publicado na revista France Observateur.
Não queríamos abandonar o partido. Nós resistíamos. Para mim o partido representava algo de maternal, a comunhão. Havia naturalmente algo de paternal, que era a autoridade suprema, mas havia essa atmosfera maravilhosa, que nos permitia ir a um país estrangeiro, ali encontrar os camaradas e confraternizar. No entanto, esta camaradagem era pouco profunda, superficial de pessoa a pessoa, pois se alguém fosse excluído logo seria rejeitado por todos e os irmãos desapareceriam. [...] Pouco a pouco meus amigos foram excluídos e partiram, e eu parti também, isto é, não renovei minha filiação a partir de 1949, mas não ousava dizer que não estava mais no partido. Quando me excluíram, em 1951, porque escrevi um artigo publicado no L'Observateur, não ousei dizer que não mais pertencia ao partido, mas deixei-me excluir, fato que me proporcionou um forte sentimento de liberdade (
Ateliê Dos Demônios).
1955,
Integra um comitê contra a guerra da Argélia em que defende posições contrárias a outros intelectuais e amigos de esquerda.
Esse caso foi algo muito sério para mim, porque eu tinha uma lembrança que me trazia vergonha. A lembrança da época em que eu era comunista, quando se caluniavam os trotskistas de maneira ignóbil, até o ponto de acusá-los de serem agentes secretos de Hitler. Eu sabia que se tratava de mentiras, mas mesmo assim me calava. E tinha vergonha de ter me calado. Eu disse para mim mesmo: não recomeçarei. Então, assumi a defesa da honra de Messali* e dos messalistas, o que me valeu o ódio dos sartrianos e de outros cegos, para quem eu havia tomado partido de um traidor (
Meu Caminho. Rio de Janeiro, Brasil: Bertrand Brasil, 2010. p. 146).
*Messali Hadj foi um político nacionalista argelino dedicado a movimentos em prol da independência da Argélia.
1956,
Lança, com outros pensadores, a revista Arguments, que dirigirá até o último número, em 1962.
Faziam parte da revista, dentre outros, Kostas Axelos, Dionys Mascolo, Claude Lefort, Roland Barthes, Jean Duvignaud.
1959,
Publica o livro Autocritique, resultado de um balanço de vida que inicia em 1957.
1960,
Em parceria com o diretor de cinema Jean Rouch, realiza o filme Chronique d´un été.
Nesse filme, partindo da ideia de que é importante dar a palavra a todo ser humano, entrevistam pessoas diversas, investigando a questão da felicidade.
Morin não ficou feliz com o resultado. Por questões comerciais, Jean Rouch editou um filme de uma hora e meia, apesar de terem 20 horas de material gravado. Anos depois, Morin encontrou um jovem disposto a localizar o material e, juntos, realizaram nova versão com duração de seis horas.
1961,
Descobre a América Latina e a cultura indígena e afro-brasileira, em longa viagem por diversos países. Participa de congresso de sociologia nos Estados Unidos, onde é internado com uma grave hepatite que quase o matou. Demora meses para se recuperar.
1962,
Retorna à França ainda em convalescença e decide morar sozinho. Publica o livro L’Esprit du Temps.
Neste livro, reflete sobre a cultura de massa emergente e desqualificada pelo mundo acadêmico.
1964,
Casa-se com a modelo e artista canadense Johanne Harelle, com quem vive até 1979.
Johanne foi uma das primeiras modelos negras da alta costura. Com ela, Morin descobre a festa e a dança, levando vida social intensa.
Em 1964, eu mesmo quis me casar com Johanne para protegê-la. Ela era pequena quando seu pai, um negro das Índias Orientais, morreu de tuberculose. Natural do Québec, a mãe, que não era casada, sob pressão da família, católica, abandona Johanne, que é criada como órfã num convento, sem lembrança de quem eram seus pais (
Meu Caminho. Rio de Janeiro, Brasil: Bertrand Brasil, 2010, p. 325).
1965,
Dirige pesquisa transdisciplinar em Plozévet, cidade da Bretanha.
Para realizar esse trabalho, encomendado pelo governo francês, Morin se instala em Plozévet com sua companheira Johanne, durante todo o ano de 1965. Inaugura o que ele chama de sociologia do presente, provocando a consciência da necessidade de unir múltiplas disciplinas e saberes para analisar o real.
1967,
A pesquisa é publicada com o título de Commune en France. La métamorphose de Plozévet.
Em vez de utilizar somente métodos quantitativos, objetivos, questionários, testes, fiz um trabalho de imersão e formulei alguns princípios de método. Quando se deseja estudar uma comunidade, seres humanos, devemos, evidentemente, ser 100% objetivos, procurar considerar os fatos, os dados assim como se apresentam. Ao mesmo tempo, era preciso ser 100% subjetivo, quer dizer participar, comunicar, amar as pessoas. Ou seja, é preciso utilizar inteiramente a objetividade e a subjetividade, apesar de que a subjetividade era considerada pela maioria dos sociólogos como sendo algo negativo. É durante a investigação e o trabalho que descobriremos os problemas mais importantes para que sejam focados. Estávamos em 1965 e já sentíamos um movimento de autonomia da juventude, o problema das diferenças de concepção entre adolescentes e seus pais, bem como uma vontade de emancipação feminina e uma crise no campo da pequena propriedade rural. Concentrei-me sobre a crise camponesa, sobre as mulheres, os jovens, enfim, com a experiência em campo, encontrei os meios de realizar meu estudo. Dei prioridade ao problema mais difícil que é o de que, para se conhecer uma comunidade original e singular, é preciso permanecer dentro dela (Ateliê Dos Demônios).
1968,
Acompanha de perto as revoltas estudantis, refletindo e escrevendo artigos para o jornal Le Monde. Publica com Claude Lefort e Cornelius Castoriadis Mai 68, La Brèche.
(Mai 68 - La brèche. Paris, França: Fayard, 1968.)Nesse período, viaja algumas vezes ao Brasil, onde ministra um curso na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Tem, então, a oportunidade de acompanhar a revolta estudantil que também ocorria em algumas cidades do país.
1969,
É convidado a passar um ano no Instituto Salk, de pesquisas biológicas, em San Diego, Califórnia.
Considera essa experiência como o seu grande renascimento intelectual. De um lado, convive com vários cientistas importantes, como o biólogo John Hunt, o médico e biólogo Jonas Salk, o bioquímico e biólogo Jacques Monod, os dois últimos ganhadores de Prêmio Nobel, e começa a conceber os fundamentos do pensamento complexo, que ele irá desenvolver na sua grande obra
La méthode.
(La Méthode. Paris, França: Seuil, 2008.) De outro lado, durante essa estadia, mergulha também no ambiente da nascente contracultura jovem e, influenciado por amigos cientistas, desperta para a consciência ecológica.
1970,
Na volta à França, participa de centros de estudos com renomados cientistas de áreas diversas
Faz parte do Groupe des Dix (Grupo dos Dez), que funcionou até1976, reunindo personalidades de diferentes áreas para refletir sobre os mais variados temas como cibernética, teoria da informação, violência e política, crescimento econômico, relações de gênero etc.
Cria, com outros cientistas, um centro de estudos bio-antropológicos e de antropologia fundamental (Centro Royaumont), onde serão organizados vários encontros inter e transdisciplinares. Mergulha na leitura de filósofos da ciência, da matemática, da lógica.
No decorrer daquele período, fartava-me da nova evolução da biologia, que passava por uma fantástica revolução, com a descoberta dos genes e com o desenvolvimento da biologia molecular. Com todos esses desenvolvimentos, cujas consequências incríveis hoje se evidenciam, retornei à ideia de que o ser humano é interessante por ser biológico e metabiológico ao mesmo tempo: não é somente o corpo e o cérebro que são biológicos; o cérebro é um órgão biológico; porém o espírito, a mente -"mind" - se desenvolve a partir dele como uma emergência que necessita da linguagem e da cultura para se desenvolver (Ateliê Dos Demônios).
1973,
Passa um trimestre como professor convidado na Universidade de Nova York, quando redige a introdução geral de La méthode.
Nessa época, torna-se um dos diretores do centro de estudos transdisciplinares da EHESS (
L´École des Hautes Études en Sciences Sociales) e, em determinado momento, isola-se na Provença e depois na Toscana para dar andamento ao primeiro esboço de
La méthode.
(La Méthode. Paris, França: Seuil, 2008.)
1977,
Publica o primeiro volume de La méthode: La nature de la nature.
1979,
Separa-se de Johanne.
1980,
Publica o segundo volume de La méthode: La vie de la vie.
1981,
Casa-se com Edwiges Lannegrave.
Morin teve muitos amores. De Violette, sua primeira esposa e mãe de suas duas filhas, diz que foi a companheira. De Johanne, que era a festa, o convívio social, a dança. De Edwiges diz que foi o grande amor de sua vida. Um ano após sua morte, casou-se pela quarta vez com Sabah Abouessalam.
1982,
Publica Science avec conscience.
1983,
Publica De la nature de l’URSS.
1984,
Participa, em Portugal, de debate sobre a complexidade.
Seu pensamento encontra cada vez mais receptividade neste país, sobretudo na área de educação.
1986,
Publica o terceiro volume de La méthode: La Connaissance de la connaissance.
1987,
Publica Penser l´Europe.
1989,
Publica Vidal et les siens.
1990,
Publica Introduction à la pensée complexe.
1991,
Publica o quarto volume de La méthode: Les idées.
1993,
Publica, junto com a jornalista Anne-Brigitte Kern, Terre-Patrie.
(Terre-Patrie. Paris, França: Seuil, 1993. 2010)Esta obra é resultado das reflexões de Morin sobre o novo estado do mundo com o fim da União Soviética, a globalização, a destruição da biosfera, o recrudescimento das catástrofes ambientais, a necessidade de uma consciência da comunidade de destino terrestre.
1994,
Publica Mes Démons.
1995,
É nomeado presidente da Agência Europeia para a Cultura (Unesco).
Neste ano publica
Une Année Sisyphe (Une Année Sisyphe. Paris, França: Seuil, 1995.), que denomina "diário de um fim de século", com anotações feitas sobre acontecimentos da sua vida pessoal e pública, ocorridos em 1994. Este livro foi duramente criticado pelos intelectuais franceses por apresentar fatos triviais de sua vida cotidiana, que se misturam com fatos e ideias do intelectual. Este é um dos três diários escritos por Morin que a Editora do Sesc publicará em 2012. Os outros são
Journal de Californie (Journal de Californie. Paris, França: Seuil, 1970.) e
Pleurer, Aimer, Rire, Comprendre. (Pleurer, aimer, rire, comprendre: 1er Janvier 1995 – 31 janvier 1996. Paris, França: Arléa, 1996.)
1996,
Participa do seminário A cultura das metrópoles, realizado pelo Sesc SP.
vídeo do seminário "A cultura das metrópoles"
É neste ano que começa a relação de Morin com o Sesc. O evento foi idealizado por ocasião da comemoração dos 50 anos da instituição, e dele farão parte, além de Morin, entre outros: o italiano Massimo Canevacci, o brasileiro Roberto da Matta, o argentino Fernando Solanas e o inglês Mike Featherstone.
O seminário teve como objetivo promover uma reflexão sobre algumas das importantes questões relacionadas à vida social e cultural da megapaisagem urbana do nosso tempo que, cada vez mais, afeta a vida cotidiana dos cidadãos e atrai a atenção de filósofos, antropólogos, políticos e planejadores sociais.
Morin também participa de conferências na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro.
1997,
Convidado pelo ministro da educação francês, Claude Allègre, a presidir um conselho científico, visando reforma do ensino secundário.
As proposições elaboradas para esta reforma não foram aceitas pelo poderoso sindicato francês dos professores. A derrota só fez estimular Morin a escrever suas obras sobre educação, hoje consagradas em vários países, dentre os quais o Brasil.
1997,
julho,
participa do Seminário Internacional A Ética do Futuro, promovido pelo Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro.
1998,
Primeiro Congresso Interlatino para o Pensamento Complexo, realizado em homenagem a Morin na Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro.
No mesmo ano, Morin realiza conferências e participa de debates sobre complexidade e ética em alguns centros de estudos no Brasil, dentre eles: Centro de Estudos Filosóficos Palas Athena e Universidade Católica, em São Paulo, e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal.
Nesta última, em 1992, foi criado o Grecom, primeiro grupo de estudos da complexidade da América Latina. Muitos outros grupos e iniciativas em torno do pensamento de Edgar Morin virão depois. O próprio Morin criará, em 1997, a Association pour la pensée complexe.
1999,
É criada a Cátedra Itinerante Unesco/Edgar Morin para o pensamento complexo, com sede na Universidade Salvador, Buenos Aires, Argentina.
Neste seminário, discute os desafios para entrar no terceiro milênio. Na ocasião, em entrevista à revista do Sesc, Morin reflete sobre o homem e a revolução cibernética, ética, solidariedade, mundialização etc.
Realiza conferências e tem seus livros traduzidos na China e no Japão.
2000,
Por encomenda da Unesco, escreve Os sete saberes necessários para uma educação do futuro, publicado em diversos idiomas.
Dirigido a profissionais do Sesc e do Senac de São Paulo e do Sesc do Rio de Janeiro, Morin apresentou no atelier sua trajetória de vida e de pensamento.
Também no Sesc realiza a conferência O saber, as incertezas, a condição humana. E em artigo para a revista do Sesc, participa, entre outros especialistas, de debate respondendo à pergunta Qualidade de vida é possível?
2001,
Publica o quinto volume de La Méthode: L’Humanité de l’humanité. Intensifica suas viagens para diversos países: Bolívia, México, Argentina, Canadá, Itália, Espanha, Kosovo.
2002,
4 de junho,
publica no jornal Le Monde artigo criticando o governo de Israel, o que lhe valerá um processo.
O artigo
Israël-Palestine: le cancer (
Israel-Palestina: o câncer) foi escrito em parceria com o filósofo Sami Nair e a romancista Danielle Salleneuve. Nele, dizem ser inconcebível que uma nação formada por um povo de fugitivos, que foi um dos povos mais perseguidos e humilhados da história, possa, por sua vez, humilhar outro povo. Os autores foram acusados de antissemitismo e processados pelas associações França-Israel e Advogados sem Fronteiras. Receberam manifestações de apoio do mundo inteiro e em 2005 foram inocentados. A acusação afetou bastante Morin, que tem origem judaica.
Agosto participa do seminário internacional Educação e cultura, parceria do Sesc SP com a Unesco.
O seminário contou com a participação de intelectuais de diversos países, entre os quais,
Mauro Maldonato, psiquiatra e filósofo italiano. (Educação e cultura)
Lançado site dedicado a Morin no portal do Sesc SP (nova versão, atualizada, é esta em que você está navegando).
O site recebeu o prêmio Sergio Motta de Áudio e Tecnologia e o prêmio Möbius, oferecido pelo Festival Internacional de Multimídia da França.
É nomeado diretor emérito do CNRS - Centre National de la Recherche Scientifique (Centro Nacional da Pesquisa Científica).
2003,
Agosto,
realiza, no Sesc SP, a palestra A latinidade como depositária de painéis da memória e da diversidade cultural da memória
A palestra fez parte do evento Mostra Sesc de Artes – Latinidades.
2004,
Publica o sexto e último volume de La méthode: Éthique
O método é simultaneamente científico, filosófico e literário. Para os críticos científicos, porém, ele não é científico, para os das ciências humanas, ele não é antropológico, para os críticos filosóficos, ele não é filosófico, e para os literários, ele não é literário. Ele é, efetivamente, um monstro em relação aos critérios da crítica, pois reúne o que se exclui mutuamente (p. 235-236)
(La Méthode. Paris, França: Seuil, 2008.)
Publica Pour entrer dans le xxie siècle
Participa da 10ª Jornada Nacional de Literatura, na Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul.
Inaugurada, em Sonora, no México, a universidade Multiversidad Mundo Real Edgar Morin.
A Universidade é um centro de estudos inspirado no pensamento, na filosofia e na proposta educativa de Edgar Morin.
2005,
Publica Culture et Barbarie européennes.
Realiza, na Universidade São Marcos, em São Paulo, a palestra A educação na era planetária.
A palestra fez parte do projeto Universo do Conhecimento que, por sua vez, é parte do projeto Université de Tous les Savoirs (Université de Paris V).
2006,
Publica Le monde moderne et la question juive.
2007,
É lançado o documentário Una mente luminosa sobre sua vida e obra.
Realiza a palestra A Humanidade no Século XXI no Sesc Pinheiros, São Paulo. (vídeo: palestra)12 de dezembro realiza a palestra Educar para a vida e para o mundo para professores da Escola Sesc de Ensino Médio, no Rio de Janeiro.A escola, localizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, foi inaugurada em fevereiro de 2008 como um projeto de ensino em tempo integral, em escola-residência, recebendo alunos de todo o Brasil.
Estes livros refletem sua preocupação cada vez maior com a crise planetária, a questão ambiental e a necessidade de uma nova política de civilização*, de uma metamorfose. O terceiro livro foi escrito em colaboração com Nicolas Hulot, jornalista, escritor e ativista ecológico. Hulot foi nomeado Ministro da Transição Ecológica e Solidária pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2017 e pediu demissão em agosto de 2018, decepcionado com as atitudes do presidente para a área.
A política de civilização é uma missão de necessidade e de alcance histórico. Ela deverá se desenvolver na próxima década e continuar além dela. Ela indica não um "modelo" nem um “projeto” de civilização, mas um caminho. Ela convoca ao mesmo tempo a reconquista do presente, a regeneração do passado, a reconstrução do futuro. Ela permite o renascimento de uma esperança concreta. Essa política de resistência à nova barbárie traz em si o princípio da esperança (tradução livre de Nurimar Maria Falci, pg 156 da edição de 1997).
2008,
Fevereiro,
morre sua esposa Edwige.
A morte de Edwige, companheira de muitos anos, representou grande perda. Talvez para viver o luto, mas também para homenageá-la, publica
Edwige, l'inséparable.
(Edwige, l’inséparable. Paris, França: Fayard, 2009.)Publica
Mon Chemin, Entretiens avec Djénane Kareh Tagerem.(Mon chemin. Paris, França: Fayard, 2008. Paris, Seuil, 2011 (Points Essais, 671): Entretiens avec Djènane Kareh Tager)Nessa entrevista em forma de livro é possível perceber o vínculo inseparável entre a vida e a obra de Morin, e o longo processo que deu origem ao pensamento complexo.
2009,
Janeiro,
realiza curso de formação para educadores de ensino médio vindos de todo o Brasil
O curso foi realizado no campus da escola do Sesc, Jacarepaguá, Rio de Janeiro.
Realiza, a convite do Sesc, a palestra Pensar o Sul.
Nesta palestra, reflete sobre a urgência de um novo modelo geopolítico. Na mesma ocasião foi relançada a página sobre Morin no portal do Sesc (nova versão, atualizada, é esta em que você está navegando).
Com 88 anos e viúvo há um ano, se apaixona novamente pela socióloga e professora universitária Sabah Abouessalam.
O encontro se deu durante um festival de música no Marrocos. Nascida em Marrakech, em 1959, Sabah conhecia e apreciava livros e ideias de Morin desde seus 20 anos. Foi amor à primeira vista. Casam-se poucos meses depois. Contam sua história de amor num livro que farão juntos e será publicado alguns anos mais tarde.
2010,
Publica Pour et contre Marx
2011,
Março,
preside o Encontro Internacional para um Pensamento do Sul, realizado pelo Sesc nacional no Rio de Janeiro.
2012,
Junho,
participa de workshop organizado pela Escola Sesc de Ensino Médio, Jacarepaguá, Rio de Janeiro
O
workshop A Terra está inquieta - Qual é a força moral por um contrato social para o século XXI? aconteceu por ocasião da Conferência Mundial Rio+20. Também durante a Rio+20, Morin apoiou publicamente o chefe indígena Raoni, na sua luta contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte
Julho realiza a palestra O que podemos esperar – a Consciência Mundial no século 21, no Sesc Consolação. Vídeo da palestra
Outubro lançamento da coleção Diários de um caminhante pela Editora Sesc. A coleção, com três volumes, foi lançada com a presença do autor e palestra no Sesc Pompéia.
Vídeo da palestra Transcrição da palestraNa França, é um dos fundadores do movimento cidadão Collectif Roosevelt.O movimento lançou 15 propostas centradas na necessidade de um novo desenvolvimento social e ecológico. Nas palavras de Morin e do escritor, diplomata e ativista Stéphane Hessel, o
Collectif Roosevelt visa “uma política do querer-viver e re-viver, que nos tira da apatia e da resignação mortais” (citação da Wikipédia francesa).
Participa do júri do Festival Internacional de Cinema de Marrakech, Marrocos.Morin ministrou
masterclass nesse festival, onde manteve a participação no júri até 2015.
2013,
Publica, em parceria com sua esposa Sabah Abouessalam, L´homme est faible devant la femme.
2014,
Setembro,
ministra aula magna no Encontro Internacional Educação 360 realizado na Escola Sesc de Ensino Médio, Jacarepaguá, Rio de Janeiro
O encontro foi uma parceria do Sesc com o jornal O Globo e Canal Futura.
2015,
Publica L´Aventure de la Méthode. Lançamento do documentário Edgar Morin, chronique d´un regard
2016,
Publica Sur l'esthétique, Pour une crisologie, Ecologiser l'Homme.
2017,
Publica, entre outros, Connaissance, Ignorance, Mystère, Où est passé le peuple de gauche? e seu único romance: L’Île de Luna
2018,
Março,
passa a viver em Montpellier
Instalado no centro antigo da cidade, Morin afirma ter encontrado ao mesmo tempo uma vida de cidade do interior, mas com tradição universitária, permitindo sua participação em conferências, encontros e seminários. Passa a contribuir com a Faculdade de Educação da Universidade de Montpellier.
23 de março inauguração da Bibliothéque Edgar Morin, na Université Paris XIII.A biblioteca se define como um espaço dedicado a todas as áreas de estudo e pesquisa, mas também à convivialidade.
Publica Pour résister à la régression. (Pour résister à la régression. Paris, França: L’ Aube, 2018.), Le cinema: un art de la complexité. (Le Cinéma: Un art de la complexité. Paris, França: Nouveau Monde Éditions, 2018).
2019,
18 de junho,
18 de junho realiza a conferência Estética e Arte, no Sesc Pinheiros, São Paulo.
2019,
25 a 27 de março,
o Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc SP organiza as Jornadas Edgar Morin.
2020,
Participa ativamente de entrevistas e publica artigos sobre o mundo no período da pandemia da Covid-19" e lança o livro “Les Changeons de voie les leçons du coronavirus", pela Editora Denoël, com a colaboração de Sabah Abouessalam.